top of page

Isolamento. O que ele provoca em sua mente.


Fomos criados com sistemas biologicamente orientados que funcionam de maneira fantástica. Eles interagem o tempo todo, nos ajudando a viver. São eles: o Sistema de Vinculação, de Maestria, de Recompensa (prazer) e finalmente, o Sistema de Defesa. Eles interagem de forma interdependente provocando motivação, quando os estímulos externos os requisitam ou, desmotivação, quando os estímulos externos não são suficientes para faze-los girar.


Vamos conhece-los mais de perto


Sistema de Prazer/recompensa.

Esse sistema é governado pela serotonina. Prazer é um importante agente motivador, responsável por nos fazer sair da cama para nossa luta diária. Por causa dele nos sentimos realizados pelo trabalho, projetos, amizades, etc.


Sistema de Maestria e realizações.

A maestria está ligada aos projetos e realizações. É por causa desse sistema governado pela Adrenalina que empreendemos; vamos até o fim no que começamos e nos sentimos realizados ao final de cada projeto porque nos sentimos capazes de realizar. Se não sabemos o suficiente, nos motivamos a buscar maestria para responder aos nossos desafios. A maestria nos dá a sensação de realização por nos tornarmos bons no que fazemos. Nos leva a conquistar, agir e competir.

Sistema de vinculação e apego.

Graças a ele nos ligamos às pessoas. Isso acontece desde éramos bebês. Ainda nem tínhamos consciência de quem somos neste mundo, já nos sentimos seguros na companhia de nossa mãe ou cuidadora. Esse sistema produz calma, segurança e tranquilidade.

Sistema de defesa.

Este é um sistema de regulação emocional que fornece habilidades de detectar e responder apropriadamente às ameaças do ambiente, com o objetivo máximo de preservar nossa vida. (LeDoux, 1998). Produz em nós ansiedade, raiva, reações de luta ou fuga. Reage aos sistemas anteriores e também aos estímulos externos.


O Resultado será o estresse.


A quebra contínua do fluxo natural dos sistemas de foco e motivação provocará o acionamento do sistema de defesa. E esse acionamento contínuo nos coloca em estado de alerta, resultando em reações emocionais e físicas desgastadas e a sensação de mal-estar


É importante esclarecer que estresse é uma reação natural do corpo extremamente importante e funcional porque nos deixa em estado de alerta e nos protege do perigo. Precisamos dele. Todavia, ao se cronificar, ou seja, ao deixar de ser uma resposta emergencial de nosso sistema de proteção para tornar-se um estado de alerta continuado levará a pessoa a ultrapassar seus limites emocionais e esgotar sua capacidade física de adaptação.


Daí em diante o estresse torna-se emocional e fisicamente prejudicial, causando irritação, ansiedade, desânimo, desconcentração, impulsividade, etc. No plano físico causa um banho de cortisol dentre outros neurotransmissores de alerta no cérebro, que resultará fadiga, diminuição da imunidade, gastrite, problemas de pele (como herpes, dermatites. urticária, psoríase e vitiligo), hipertensão arterial, disfunção sexual, dentre outros.

Em resumo, situações como essa de isolamento podem afetar esses sistemas e acordar os fantasmas que moram dentro da gente.


A resposta ao estresse será sempre em termos de ansiedade, depressão a sensação de desamparo e raiva, que podem culminar em ações destemperadas (Mclellan, Bragg, Cacciola, 1988). Por essa razão é que as discussões e mesmo a violência doméstica têm aumentado nesses dias – uma consequência evidente do aumento dos estressores.


Por essa razão precisamos durante a pandemia buscar alternativas para mobilizar os três sistemas, criando a partir dessa lógica uma rotina saudável, ainda que seja mínima.


O importante para acionar os sistemas de forma saudável não é a quantidade de atividades que preenchem o dia, mas a constância, ainda que seja por cinco minutos. Todos os dias, no mesmo horário. Você perceberá que isso ajudará a baixar o nível de tensão e estresse.


A meditação também ajudará muito. Mas isso é assunto para outro momento.

Domingos Alves

CRP 11 – 10.730

domingosalves.com.br

___________________

Referências

LEDOUX, Joseph. O cérebro emocional. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2011

MCLELLAN, T.; BRAGG, A.; CACCIOLA, J. Tudo sobre drogas: ansiedade e stress. São Paulo: Nova Cultural, 1988.

51 visualizações

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page