
Começamos a vida familiar juntos. Fazemos acordos e perseguimos ideais que fazem sentido a ambos e nos fazem olhar o futuro com esperança, renovando as forças para lutar.
A vida parece sorrir. Sentimos uma liga enorme. Há muita sinergia e companhia. Assim, o casal vive seus grandes ideais e experimenta a felicidade conjugal.
Todavia, com o tempo, muitos se afastam daqueles ideais iniciais por causa dos muitos compromissos e papéis que somos obrigados a assumir: no trabalho, temos metas altas. Precisamos ser excelentes como funcionários, gestores inspiradores, etc. Do contrário, podemos perder o emprego. Isso por si, exerce grande pressão.
Em casa, precisamos desenvolver diversos papéis, tais como, provedores, educadores, animadores, etc. Assim, esquecemos aqueles ideais que foram base de nossa relação e nos mantinha unidos.
Uma vez que o ser humano jamais fica de mãos vazias, sem perceber vamos substituindo nossos ideais familiares por outros, muito mais focados em nós mesmos, tais como nossa carreira profissional, nossos desejos ainda não realizados, etc.
Claro que é bom realizar antigos desejos e ter realizações pessoais, bem como ideais e sonhos em nossa carreira profissional.
Aliás, para a felicidade conjugal é essencial sermos realizados como indivíduos.
Mas aqui entra um importante paradoxo: Por um lado, só seremos felizes se tivermos a capacidade de sermos felizes por nós mesmos, por outro, sozinhos não experimentaremos o sentido das relações, o que significa dizer com Tom Jobim: É impossível ser feliz sozinho.
Estes dois movimentos psíquicos se complementam e produzem uma vida realizada: individualidade e capacidade de compartilhar a vida.
Sem individualidade, não haverá o que compartilhar. Sem compartilhar, o aspecto individual perde o sentido e a graça.
Como evitar o distanciamento?
Não há segredo. Ideais e objetivos são como ligas. Colas que mantém as pessoas unidas.
Na relação amorosa isso também é verdadeiro. Assim, evitaremos o distanciamento, mantendo a conversa em dia, os ideais em revisão e a relação em fluxo. Não dá trabalho. Apenas precisa tornar-se nossa relação prioritária.